domingo, 19 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17988: Blogpoesia (538): "Um escadório...", "Os astros..." e "A idolatria das pedras e do metal...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

O astro-rei
Foto: © Dina Vinhal


1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Um escadório…

Uma facha branca e luminosa, inclinada atravessa o céu cinzento e escuro, como uma escada.
Subo por ela.
Até ao cimo.
Lá ao longe, vejo o sol.
Está a nascer fulgoroso,
como em qualquer dia,
sobre a praia.
Minha alma rejubila.
Me estendo e fico a vê-lo.
Faz falta. Enriquece a nossa vida.
Também queima. Às vezes arde.
Até demais.
Tanta cor, em vários tons,
Ele derrama.
Sacia o corpo e acalma o espírito.
Dá vida ao mundo.
Se vive melhor,
Quando há sol,
Mas com medida…

amanhecendo
Berlim, 19 de Novembro de 2017
8h12m
Jlmg

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Os astros...

Que fazem os astros ao alto?...
Bolas gigantes, umas vezes luzindo,
Outras ocultas,
Fingindo de estrelas sem raios,
Parecem parados ao alto,
Mantendo as distâncias,
Da terra e entre eles,
Escondem segredos aos olhos,
Como se estivessem extintos.
Atraem a mente vendada pela distância sem fim.
Será que estão mortos ou vivos? Instigam-nos medo.
Nos olham calados.
Enigma!...
Terão gente, igual ou diferente,
Interessada em nós?
Querem-nos bem
Ou querem-nos mal?
Quem sabe, esperando visita.
Nunca se sabe.
Suscitam estudo e muita cautela.
Que saberão as agências,
De leste e oeste,
Com tantas viagens,
Que frutos.
Muitos ou poucos.
Porque escondem ao mundo?
Falam em discos ou naves.
Que vão e que vêm.
Mistérios.
De sonho. Talvez pesadelos…

Berlim, 15 de Novembro de 2017
5h55m
Jlmg

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Idolatria das pedras e do metal…

Ao que chegou o homem da modernidade.
Em vez dos bezerros de oiro e do império dos Faraós,
Depois de milhares de anos,
Fabricando a guerra de irmão contra irmão,
Esta humanidade, eclética e culta,
Que julga que tudo sabe,
- Já não basta o saber da terra,
E se virou para o das galáxias -
Enleou seus pés de barro
Numa rede tão apertada,
Tecida em cobre e no metal,
Não a deixa voar, de tão pesada,
Vive da guerra em vez da paz,
Uma deusa enjaulada,
Se julga tão rica e nunca foi tão pobre,
Porque é escrava…

Berlim, 14 de Novembro de 2017
6h26m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17962: Blogpoesia (537): "Entro no mar...", "As minhas sombras..." e "Assombramento...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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