quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17677: Fotos à procura de... uma legenda (88): "Pietá"... O fotógrafo indiano, Avinash Lodhi, captou o desespero de uma fêmea de macaco Rhesus que abraça a cria inanimada (Luís Mourato Oliveira)


"Pietá"...Um fotógrafo indiano captou o momento em uma macaca abraça com força a cria, que aparentemente estava inconsciente. "Foi um momento raro, especialmente entre animais", disse o fotógrafo Avinash Lodhi.

Segundo informação do DN - Diário de Notícias, de 11 de maio de 2017, a fotografia foi tirada em Jabalpur, no estado indiano de Madhya Pradesh e publicada nas redes sociais. "A imagem tem comovido vários utilizadores e tornou-se viral."... Um momento raro, entre animais, comentou o fotógrafo.

O animal parece-nos ser uma fêmea de  macaco Rhesus, uma das 15 quinze espécies de macacos existentes no subcontinente indiano. De acordo com a investigação dos primatólogos, os macacos Rhesus demonstram uma variedade de habilidades cognitivas complexas, como a capacidade de fazer avaliações psicológicas, entender regras elementares e avaliar os seus próprios estados mentais. Inclusive, parecem reconhecer-se ao espelho, tendo por isso algum tipo de autoconsciêncua. Já em 2014, os utentes de uma estação de comboio em Kampur, na Índia, assistiram a um cena incrível: a de macaco Rhesus, eletrocutado, a ser objeto de assistência  e reanimação  por outro macaco Rhesus.

[Imagem enviada e legendada por Luís Mourato Oliveira. Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné... Reprodução com a devida vénia...]


1. Mensagem do Luís Mourato Oliveira, com data de 22 de junho (complementada com informação sobre a foto em 15 do corrente):


[foto à esquerda, Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil inf CCAÇ 4740, Cufar, 1972/73, e Pel Caç Nat 52, Bambadinca e Mato Cão, 1973/74; membro da nossa Tabanca Grande, com o nº 730]

Quando há algum tempo escrevi para a Tabanca Grande “Quatro Aventuras Gastronómicas na Guiné” (*) ,  fi-lo com o propósito de deixar um testemunho das limitações que existiam na obtenção de alguns géneros alimentares e também recordar o recurso à imaginação e improviso com que os militares em campanha ultrapassavam essas mesmas dificuldades.

Não contava, o que me deu muita satisfação, que um dos textos enviados, “ Macaco em Mato de Cão”, gerasse polémica e discussão tendo ainda originando um inquérito feito no Blog e no Facebook, sobre as opiniões gustativas dos camaradas que experimentaram esse prato. (**)

Um camarada criticou vivamente essa prática gastronómica que qualificou de quase canibalismo e quem a praticava de “não serem boas rolhas”,  tendo eu assumido com algum humor que me enquadrava nessa categoria.

Há alguns dias uma fotografia trouxe-me à memória a discussão travada na altura. Foi produzida por um fotógrafo indiano [, Avinash Lodhi,]. que captou o desespero de uma macaca que abraçava a cria inanimada e a imagem trouxe-me imediatamente à memória a Pietà que Miguel Ângelo esculpiu quando tinha apenas vinte e três anos e que é das obras de arte que mais emoções me produziram. 

Na Pietà a mãe de Jesus sustenta o corpo do filho morto com resignação pela morte e talvez a serenidade da sua expressão na escultura já represente a esperança da ressurreição. Na macaca o que mais impressiona é o enorme desespero e revolta de uma perda para ela irrecuperável.

Hoje seria para mim impossível repetir o exercício relatado em “Macaco em Mato de Cão”, não pelo efeito da fotografia, mas por toda a vivência de mais de quarenta anos que modificaram mais de forma invisível o meu comportamento, bem como os camaradas da minha geração com experiência similares que as transformações físicas que vamos sofrendo, o que me leva a ponderar sobre que tipo de pessoas éramos quando jovens num cenário de guerra e qual o limite que a educação e a ética impunham para os nossos comportamentos de então?

Questiono-me se,  sem as experiências vividas, como teríamos evoluído como seres humanos e se a nossa visão de humanidade seria hoje critica aos comportamentos dos nossos vinte anos?

Todos nós “crescemos” no mesmo sentido ético e dentro dos mesmos valores após as experiências vividas?

Sem rejeitar nada do passado, em transportar quaisquer sentimentos de culpa ou complexos pelos momentos vividos naquele período, quero acreditar que a vida e as experiências adquiridas nos encaminharam para ciclos distintos de comportamento difíceis de explicar porque muitas vezes antagónicos.

Quero acreditar que o processo de evolução das nossas vidas nos conduz à aprendizagem e aperfeiçoamento permanente a padrões de humanidade e compaixão por todos os seres que connosco coabitam neste Mundo e à rejeição dos caminhos fáceis de trilhar do egocentrismo, da violência e da escuridão. (***)

Luís Mourato Oliveira


Nota: A cria que na fotografia parece ter morrido estava apenas inconsciente e após ter recuperado a macaca mostrou de novo alegria e “macaquices”.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16706: De Cufar a Mato Cão, histórias de Luís Mourato Oliveira, o último cmdt do Pel Caç Nat 52 (2) - Experiências gastronómicas (Parte II): Restaurante do Mato Cão: sugestões de canibalismo, bom pão e melhor... macaco cão no forno com batatas!

(**) Vd. 17 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16730: Inquérito 'on line': Num total de 110 respondentes, apenas 16% disse que provou (e gostou de) carne de macaco-cão... Pelo lado dos "tugas", o "sancu" está safo... Agora é preciso que os nossos amigos guineenses façam o seu trabalho de casa...

(ªªª) Último poste da série > 26 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17620: Fotos à procura de...uma legenda (87): o luxo de um "petromax" da Casa Hipólito nas noites escuras como breu...

Guiné 61/74 - P17676: Parabéns a você (1297): José Manuel Cancela, ex-Soldado Apontador de Metralhadora da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 16 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17673: Parabéns a você (1296): Armando Faria, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4740 (Guiné, 1972/74)

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17675: In Memoriam (302): Morreu o Pais, de Nelas, o homem das transmissões da CART 2479 / CART 11, que era também o nosso barbeiro (Valdemar Queiroz)


Foto nº 1 > Guiné, Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/71) > O Pais, barbeiro. O "cliente" era o Valdemar Queiroz.


Foto nº 2 A > CART 2479 / CART 11 > Convívio > Nelas, 2000 > O Pais, de gravata, entre o capitão, de camisa vermelha e o Valdemar Queiroz, de camisa azul clara. O ex-cap mil art, Analido Aniceto Pinto, morreu em 20/2/2014.


Foto nº 2  > CART 2479 / CART 11 > Convívio > Nelas, 2000 > Foto de grupo

Fotos ( e legendas): © Valdemar Queiroz (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de 13 do corrente, enviada pelo nosso camarada Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70] [Foto à direita]

O ex-Alf.Mil. Pina Cabral informou-me da morte da Pais, de Nelas.

Morreu mais um rapaz do nosso tempo.

Morreu o Pais, o homem das transmissões da CArt 2479 / CArt 11.

Morreu o Pais, o homem que nos cortava o cabelo

Morreu o Pais, que esteve na Guiné de 1969 1971

Morreu o Pais, silêncio, por favor.

Morreu o Pais.

Valdemar Queiroz
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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de julho de  2017 > Guiné 61/74 - P17568: In Memoriam (301): António Alves Ramos (Ramitos), ex-Radiotelegrafista da CART 3494 (Xime e Mansambo, 1871/74) (Sousa de Castro)

Guiné 61/74 - P17674: Os nossos seres, saberes e lazeres (226): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (5) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 28 de Abril de 2017:

Queridos amigos,
São os últimos dias passados em Malta, amanhã vou até Gozo e farei relatório.
Malta vive essencialmente do turismo, é gigantesco, desdobra-se em atividades ao ar livre, visitas culturais, excursões em todas as direções. Hoje movimentei-me a pé durante horas, quando me senti esfaimado entrei num snack e fui servido por um português que ali vive e se sente muito bem, o salário mínimo ronda os 840 euros, ele sente-se satisfeito com o estado social de Malta.
Continuo à volta do Grão-Mestre Vilhena mas há outros vultos portugueses referidos com regularidade. Para os estudiosos das guerras informo que tem aqui um largo pitéu com as instalações poderosas que foram vitais durante a II Guerra Mundial para assegurar sucessos da aviação e da frota naval.

Um abraço do
Mário


De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: 
À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (5)

Beja Santos

Pelas contas do viandante, hoje será um dia exclusivamente dedicado a contemplar preciosidades em Valeta. Já ficou dito que este pequeno país tem entre as suas peculiares atrações um número elevadíssimo de estátuas em todas as localidades, é um país novo que procura a identidade com os seus vultos e eventos superiores. Logo esta dinâmica estátua alusiva à independência, à entrada da cidade.


Há razões fundadas para os guias proporem, entre as principais atrações, a visita à Igreja do Naufrágio de S. Paulo e às suas 25 relíquias. Caminhando para o templo, surpreende a amálgama de diferentes estilos arquitetónicos da sua fachada neogótica oitocentista, parece mais a sede de um banco do que uma igreja. Entra-se e tudo muda de figura. Ali predomina o barroco. Os visitantes vão à procura das relíquias, diz-se que há um osso do pulso direito e um fragmento da coluna onde terá sido decapitado. O viandante já aqui esteve e voltará aqui logo que possível. A cúpula do tempo não é nada de transcendente, mas o arquiteto foi subtil nos jorros de luz que a elevam e lhe dão uma dimensão sublime. Também esta relíquia de S. Paulo, a sua cabeça, é uma impressiva imagem da mortificação, ele que falou na dádiva pelos outros assim cumpriu a sua missão, parece dizer o génio desta estatuária.



Não teria sentido ignorar o nosso Grão-Mestre Manoel, sempre presente, vamos ao seu encontro no teatro que ele providenciou para que o público tivesse “entretenimento honesto”, logo ópera séria. O Teatro Manoel abriu as suas portas em 19 de Janeiro de 1732. Em rigor, é hoje uma casa de espetáculos, promove concertos, recitais, mas também óperas. Foi ligeiramente atingido durante os bombardeamentos da II Guerra Mundial e restaurado. Dizem que é uma réplica do teatro da ópera de Catânia, a capital da Sicília.



O turista recebe ampla informação sobre o património maltês, dentro das referências fala-se nas fontes e o viandante gosta muito desta, está na Praça de S. Jorge, lugar de grande afluência, o viandante pôs-se a observar e escreveu no caderninho: mais um elemento italiano a juntar a tantos outros.


Sendo Valeta uma cidade com tantos fortes e fortificações, é sempre uma tentação descer e olhar de cima para baixo a monumentalidade das muralhas. O viandante tomou o elevador nos jardins superiores de Barrakka e desceu. Recorde-se a ironia de ter feito esta construção ciclópica que ficou operacional no exato momento em que o império Otomano entrou em refluxo.


O viandante sobe ao nível superior de Valeta, encontra aberta a igreja de Nossa Senhora das Vitórias, considerada a primeira igreja de Valeta, mandada construir por Jean Parisot de Valette, para comemorar a sua vitória sobre os otomanos em 1565. Foi a principal igreja de ordem e o Grão-Mestre Manuel Pinto da Fonseca mandou embelezá-la com a fachada barroca que podemos admirar. Fala-se das vitórias, não é só a de 1565 é também para marcar a capitulação da Armada italiana em 1943, representou a chegada da paz para os malteses. Os viandantes podem agora admirar uma igreja praticamente toda restaurada, é um encanto para os olhos tanta arte preservada.


Nisto o viandante tem uma veneta, olha para o céu, busca um autocarro e procura novo desfrute, as falésias Dingli, muito procuradas pelos amantes da conservação da natureza. Estas falésias de calcário na Costa Ocidental proporcionam panorâmicas de cortar o fôlego. Foi construída uma agradável marginal e dá-se um passeio de alguns quilómetros a ouvir o piar dos pássaros, a ver o funcho e a contemplar, mantendo uma respeitosa distância das falésias uma brancura que cai abruptamente nas águas. Está na hora do regresso, volta-se a Sliema.


Isto de vasculhar à procura de promoções dá por vezes resultados sensacionais. Um hotel de Sliema assegurava um quarto por 30 euros, com vista para o pátio, por sinal sem graça nenhuma. Mas era um quarto cheio de conforto, foi um ótimo negócio. Porque Sliema é a principal faixa turística de Malta, passeios não faltam e as vistas são soberbas. O viandante despede-se hoje dos seus amigos com uma vista da cidade e em dado momento até pensou em Veneza, imagine-se, estava na marginal a ver os barcos e o serviço de ferry que atravessa a baía em dez minutos. O viandante escreve no seu caderninho: amanhã começamos pela pré-história e a seguir parte-se para Gozo. O passeio maltês dentro em breve finda para se partir para Bruxelas, o viandante está saudoso desta cidade que percorre com tanta alegria.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17660: Os nossos seres, saberes e lazeres (225): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do grão-mestre António Manoel de Vilhena (4) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17673: Parabéns a você (1296): Armando Faria, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4740 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 10 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17662: Parabéns a você (1295): Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 84 (Guiné, 1961/63) e Tomás Carneiro, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CCAÇ 4745 (Guiné, 1973/74)

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17672: Manuscrito(s) (Luís Graça) (121): poema à minha igreja do Castelo, Lourinhã, setembro de 1964...



Jornal "Alvorada", quinzenário regionalista, Lourinhã, 13 de setembro de 1964.


1. Um poema meu, publicado aos 17 anos... Foi aqui, no jornal "Alvorada",  que comecei a publicar os meus primeiros poemas. Foi aqui que tive a minha primeira atividade remunerada como jornalista, embora sem carteira profissional.  Foi, aliás,  esta a  profissão que dei para a  tropa, quando aos 18 anos fui à inspeção militar.

Comecei por estar ligado, à criação de uma secção, ou de uma página, a que chamámos "Alvorada Juvenil", com outros jovens da terra, estudantes e outros, com destaque para os meus amigos e colegas de escola, Álvaro Andrade de Carvalho, hoje psiquiatra, e o saudoso Rui Tovar de Carvalho (Lourinhã, 1948-Lisboa, 2014), que haveria,  depois, de  fazer carreira no jornalismo desportivo.

Criámos a seguir um secção dedicada ao correio dos soldados do ultramar, e mais outra onde demos voz aos nossos emigrantes. No "Alvorada Juvenil", abrimos um inquérito aos jovens lourinhanenses e alimentámos o "cantinho dos poetas"...

Havia da nossa parte alguma irreverência e inquietação, próprias da idade e das circunstâncias da época. Acabei por exercer as funções de redator coordenador deste jornal, quinzenário regionalista,  que ainda hoje se publica. Foi fundado ao em 1960, pelo padre António Pereira Escudeiro (Tomar, 1917-Lisboa, 1994), um homem a quem a Lourinhã muito deve e que fez uma aposta forte na formação das elites locais, ou seja, na educação, para além do apostolado e do mister sacerdotal. Foi o  fundador e o primeiro diretor do Externato Dom Lourenço, que permitiu aos jovens do concelho da Lourinhã prosseguir os seus estudos depois do ensino obrigatório (que era apenas de 4 anos no meu tempo)-

O padre António Escudeiro fora igualmente fundador do jornal "Redes e Moinhos" (1954-1960). Antes de vir para a Lourinhã como pároco, em 1953, estivera  em Alcanena, terra da indústria dos curtumes, onde fundara o jornal quinzenário "O Alviela", entretanto supenso pela censura por ousar publicar um artigo sob o título "A fome em Alcanena" (onde se critica a banca pelos juros usurárips que levavam à falência das empresas locais, ao desemprego e à fome)... Estava-se em plena campanha eleitoral do general Norton de Matos. "O Alviela" retomaria  a publicação depois de,  mediante requerimento,  ser expressamente autorizado a versar também "assuntos sociais"...

À frente do "Alvorada", como redator-coordenador, de 1964 a 1966, "fiz-me esquecido" e deixei de mandar o jornal à censura... A entrada de jovens fora uma pedrada do charco da pasmaceira e do conformismo em que se vivia nesta terra do oeste estremenho. Estava-se em plena guerra colonial mas já na fase de fim de ciclo da história..."Cadáver adiado", o regime do Estado Novo ainda estrebuchava e metia medo a muitos. Não admira que o diretor do jornal tenha recebido um intimidatório ofício da direcção geral de censura a perguntar por que é que se permitia o luxo de ultrapassar a lei...

Metade do ofício, que era apenas de duas linhas, correspondia a uma assinatura em letra garrafal, símbolo máximo da arrogância totalitária quem se sentia dono e senhor deste país... A assinatura, ilegível, seguia-se à fórmula, obrigatória, no tempo do Estado Novo (1926.1974),  "A bem da Nação, com que terminavam todos os ofícios (e todas as demais comunicações escritas, internas, incluindo discursos, requerimentos, petições, etc.)

O pobre do vigário geral, já com ficha na PIDE (por causa do "Alviela"), lá teve que arranjar uma desculpa esfarrapada aos senhores coronéis da censura e, a mim, puxou-me as orelhas... Doravante, tínhamos que mandar os artigos em duplicado para a tipografia, sita em Torres Novas, que por sua vez mandava uma cópia para a censura... E no entanto nunca nenhum de nós escreveu o que que fosse  que pudesse pôr em  causa a sagrada tríade "Deus, Pátria e Família"!...

Eu acho que os censores embirraram sobretudo com os nossos jovens poetas. Não entendiam nada da poesia moderna e receavam à brava que os jovens lourinhanenses e outros, que colaboravam connosco, escrevessem também nas "entrelinhas", mandassem em código, entre si, perigosas, subversivas e dissolventes mensagens...

Nunca se sabe o que se passa no coração dos poetas nem muito menos na cabeça dos censores...


Lourinhã > Igreja do Castelo > Escadaria de acesso > 13 de agosto de 2017 > Muito provavelmente, este templo gótico do séc. XIV foi construído sob uma igreja românica, depois da conquista aos mouros em 1147. O primeiro senhor, cristão, destas foi um cavaleiro franco, Jourdain, ao que parece proveniente da cidade do norte de França, Lorient. Os "francos", cavaleiros cristãos que vinham de regiões transpirenaicas, ajudar os reinos cristãos da península ibérica na chamada "reconquista",  eram aquilo a que podíamos chamar hoje, com propriedades, verdadeiros mercenários. A fé cristã escondia outras motivações mais terrenas... Na altura, esta localidade era banhada por um braço de mar, e era fortificada com muralhas.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. A Igreja do Castelo, antiga igreja matriz da Lourinhã,  monumento nacional, é um belíssimo tempo de arquitetura gótica do dos finais do séc. XIX. Os seus capitéis, de motivos vegetalistas, são verdadeiras obras-primas.  

É obrigatória uma visita a esta jóia do nosso património arquitetónico que, ao longo dos séculos, sofreu muitos maus tratos, incluindo a sua reconstrução e restauro no tempo do Estado Novo, pela Direção Geral dos Monumentos Nacionais...

Foi nela que fui batizado, em 1947... Fica na minha rua, a rua onde nasci, a rua do Castelo (ou rua dos Valados, hoje rua Dr. Adriano Franco),  no alto da pequena elevação que domina a vila da Lourinhã, conquistada aos mouros por Dom Afonso Henriques, em 1147. É um dos ex-libris da Lourinhã.
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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17572: Manuscrito(s) (Luís Graça) (120): A notícia da morte do Zé Belo, comido por uma úrsula menor quando ia à pesca do salmão lá na Lapónia... foi um bocado exagerada!

Guiné 61/74 - P17671: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (14): Págs. 105 a 112

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17664: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (13): Págs. 97 a 104

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17670: Convívios (821): Encontro e almoço do pessoal da CCAV 3366, a levar a efeito no próximo dia 9 de Setembro de 2017 no Parque das Nações, em Lisboa (Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf)

Em mensagem de 10 de Agosto de 2017, pede-nos o nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73) para publicitarmos o Convívio da sua Companhia, a levar a efeito no próximo dia 9 de Setembro, no Parque das Nações, em Lisboa.

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17645: Convívios (820): Almoço do pessoal da Tabanca da Maia, realizado no passado dia 29 de Julho de 2017 (Abel Santos, ex-Soldado At Art)

Guiné 61/74 - P17669: Notas de leitura (988): “Cartas do Mato, Correspondência Pacífica de Guerra”, por Daniel Gouveia, Âncora Editora, 2015 (1) (Mário Beja Santos)

"Cartas do Mato, Correspondência Pacífica de Guerra”
Autor: Daniel Gouveia - Âncora Editora, 2015



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Agosto de 2017:

Queridos amigos,
Este alferes que cumpriu o serviço militar no Norte de Angola não é, no blogue, um forasteiro. Já aqui se apreciou a sua gema literária "Arcanjos e Bons Demónios - Crónicas da Guerra de África", ficou uma enorme vontade de ler mais.
Entende-se a experiência e os conhecimentos que são vazados nesta correspondência, era aluno de Românicas, foi pianista no Quinteto Académico, multiplica-se em atividades, até a musicologia do fado não lhe escapa. Faz jus ao título da obra: correspondência pacífica, porque é um homem de cuidados, há no que escreve a curiosidade de um antropólogo, preza sem prosápias cuidados que até se estendem à enfermagem.
Este livro é não só um belo regresso a narrativas onde não há amargor, desquites ou maledicências. Vale a pena continuar. Atenção, vejam com cuidado a alegria daquela malta do nosso tempo a exibir o correio recebido, nunca vi fotografia igual.

Um abraço do
Mário


Cartas do mato, por Daniel Gouveia (1)

Beja Santos

De Daniel Gouveia já aqui se saudou o seu notável “Arcanjos e Bons Demónios – Crónicas da Guerra de África”, DG Edições, 3.ª edição, 2011. Em abono dessa sua preciosa narrativa, vamos agora dar atenção a “Cartas do Mato, Correspondência Pacífica de Guerra”, Âncora Editora, 2015. Por uso e costume, o centro das nossas atenções vai para o que se escreve sobre a guerra da Guiné, mas faz-se sempre o reconhecimento de que só ganhamos em comparar o que é comparável em toda a literatura da guerra; em comparar e distinguir, pois claro, cada teatro tem as suas especificidades, houve diferentes hostilidades. Mas ao comparar e distinguir também elevamos o nosso olhar para um patamar de princípios, de ética, de fusão da camaradagem: os valores e os sentimentos universais, aquilo que é transversal no combatente, seja a descoberta dos novos ambientes, as formas de adaptação, o quinhão da solidariedade, as angústias e os medos, a repartição dos farnéis, o combate contra a solidão, e o medo das picadas, a angústia das esperas, o caminhar dentro das florestas húmidas, a reação à emboscada; e a caraterização dos protagonistas, o cozinheiro, o padre, o apontador de bazuca, o oficial e o sargento, a ansiedade na chegada do correio.

Todos os escritores são diferentes, e dentro deste gozo da personalidade Daniel Gouveia tem opções claras, mesmo como agora em que se socorre de estratos de correspondência: vê à sua volta e transmite apreciações construtivas, é cuidador, tem bom ouvido para o chasquear dos outros, adapta-se perguntando, está mortinho por saber, daí a sua admiração pelo pisteiro de Tomboco, localiza as viagens, dá nota das chegadas, não esconde a satisfação pela pilhéria, nunca o iremos ver alcandorado em triunfos militares, na sua narrativa é impensável a pesporrência e nunca descuida qualquer comentário crítico, a propósito. Tudo começa no Grafanil (a sua comissão militar é em Angola, naquele amplo território denominado Zaire, acima de Ambrizete e não muito longe de S. Salvador. Foi em rendição individual, conheceu o seu pelotão a bordo do Vera Cruz e escreve:
“… Conheci, finalmente, o meu pelotão! É constituído, na sua maioria, por transmontanos, rijos como penedos, rudes e simples. São mais ou menos pequenitos de estatura, mas que peitaças!”.

Pois no Grafanil já há hinos e quadras, segue-se para Tomboco, o pisteiro Teixeira é uma fonte de sabedoria para conhecer a selva. Informa quem ama que lhe vai falar do pingómetro, um tal aparelho que serve para medir pingos, foi inventado pelo Capelão, o Padre Campos, havia o grande problema de saber quando é que o depósito de água estava vazio. Mostra os desenhos da invenção do padre e escreve:
“É fácil, como se vê: se está cheio, a pedra está em baixo! Se o calhau está próximo da roldana, é bom ir ligando o motor, pois já ninguém se atreve a meter-se no duche. A medida-padrão do pingómetro é o furco, uma medida regional da terra do capelão que equivale à distância entre o polegar e o indicar no máximo do seu afastamento”. 
Assim tornava-se compreensível dizer que faltam “três furcos para acabar a água” ou que “daqui a dois furcos já há água nos quartos”. As suas pitadas de humor fazem ressaltar o seu espírito faceto, a estampada ingenuidade de quem ouve e não sabe pôr em palavras rigorosas, é diversão sem humilhação:
“… Em certas circunstâncias usa-se o very-light, um artefacto pirotécnico de luz verde, vermelha ou branca que fica a pairar no céu por uns momentos, iluminando ou dando sinal para qualquer ação. Claro que os soldados recebem instrução sobre isso. Mas ontem verificou-se que não lhe ensinamos devidamente a palavra.
Um soldado estava de sentinela, à noite, vê uma estrela cadente particularmente intensa. Deixou um camarada no posto e veio a correr, muito aflito, avisar os oficiais: 
- Meu Capitão, meu Capitão! Vi agora mesmo um pirilaipe! Ainda gozámos, pois o capitão insistiu: 
- O que é que tu viste? - Um pirilaipe meu Capitão”.

Meses depois está no Lufico, a 80 Km de Tomboco, e escreve deslumbrado:
“… Uma coisa aqui é soberba: a paisagem. Vassalo, como sou, da Natureza, encontrei neste quartel perdido do Norte de Angola todo o esplendor africano que não poderia encontrar em todos os filmes sobre a selva, juntos. O acidentado do terreno coloca toda esta exuberância vegetal em cenários sucessivos de colinas e vales, com maciços de palmeiras a bordejar os rios turbulentos de cascatas e rápidos. Os cabeços, de vegetação mais rala, estão, no entanto, povoados de monumentais embondeiros cujos ramos, quase nus, se organizam numa incomparável filigrana quando o sol, feito enorme bola de fogo, se lhes põe por detrás. Colocaria aqui, sem hesitar, o presépio do Menino Jesus de raça negra”. 

Segue para Zau-Évua, a 90 Km de Tomboco, houvera uma emboscada em Quibala, 100 Km ao Sul de Zau-Évua, com 7 mortos e 11 feridos. Novo comentário, tal a embriaguez da paisagem: 
“A toda a volta do quartel é uma interminável planície, verde-acastanhada do capim a ficar seco, onde se implantam, como ilhas, alguns morros colossais e dispersos, só rocha, dos quais um grupo de 9, cujas cristas lembram o dorso de elefantes, deu o nome ao local”.

A 9 de Junho está em S. Salvador do Congo, a capital do distrito do Zaire. A sua descrição mostra o seu permanente olhar divertido, espraia-se na apresentação do espaço e situações:
“Ainda existe, morando na cidade, em casa construída pelo Governo e com uma pensão vitalícia, a última rainha do Congo, D. Isabel, uma negra de meia-idade, afável e senhora do seu papel, que não come comida se não cozinhada por si, desde que o marido, o rei do Congo, morreu envenenado há alguns anos.
A cidade – se é que, em tamanho, tal se lhe pode chamar – é formada por ‘parte branca’ e ‘parte preta’. A parte branca tem uma vintena de casas civis, dois quartéis, edifícios da administração, arame-farpado e postos de vigia a toda a volta. A pista de aviação atravessa-a de meio a meio, já que assenta no que deveria ter sido uma das avenidas. Assim, há ruas que desembocam diretamente na pista, há lojas cuja montra e entrada dão para ela”.

Em Julho estão em Quiximba e comenta:
“O Quiximba é muito bonito, mas também é muito frio. Estamos no cacimbo. Autêntico Inverno. Anda-se de mãos nos bolsos, ponta do nariz gelada, camisola de gola alta, meias de lã. À noite, quatro mantas e pijama de flanela, com camisola interior e meias calçadas para não ter de inventar uma botija”.
E começa a poetar, Quiximba vai dar muito que falar.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17663: Notas de leitura (987): “Portugal e o Império Africano - Séculos XIX e XX”, coordenação de Valentim Alexandre, Edições Colibri, 2013 (2) (Mário Beja Santos)

domingo, 13 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17668: Blogpoesia (524): "O mínimo vital..."; "Sussurros da madrugada..." e "Nas asas dum violino...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


O mínimo vital…

Sem o mínimo vital,
No corpo ou no espírito,
É precária a existência.
Avizinha-se o fim.
O ar escasseia.
Vem a aflição.
A tontura. A perda dos sentidos.
E depois, o desfecho final.
Se desfalece a emoção e esvai o sabor,
O horizonte enegrece e a vida definha.
A riqueza empobrece.
Morre o interesse.
A derrocada final.
É ténue e fugaz o ponto de equilíbrio.
Não existe fronteira entre o forte e o fraco.
O pobre e o rico.
Esta é a certeza e a base que sustenta a existência.
Se queira ou não queira.
É lei…

Mafra, 9 de Agosto de 2017
5h58m
Jlmg

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Sussurros da madrugada...

Nas altas horas da noite,
no silêncio das casas,
há túmulos e murmúrios de choro.
Sangram as dores nos espaços secretos com traços da vida.
Das ameaças de falta de emprego.
Da cozinha apagada por falta de fogo.
Da doença velada que estala.
Desapareceram os sonhos que irradiavam luz e calor.
Voltaram as sombras dos males esquecidos.
Nas prateleiras faltam remédios.
E o céu das estrelas toldou-se de núvens.
Em vez do sossego da luta do dia,
reina o cansaço e a morte da esperança.

Bar Castelão, 10 de Agosto de 2017
8h42m
Jlmg

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Nas asas dum violino...

Venço as distâncias infinitas nas asas dum violino.
Me balanço nas suas cordas em vibração.
Me relanço ao vento da fantasia e vou como um perdido apaixonado.
Alcanço os cumes das cumeadas com o o alento que me dão.
Me seguro ao rasto puro das marés e sonho como uma bela adormecida.
Oiço acordes frementes de apaixonado.
Saboreio as cores das orquídeas e miosótis.
Me regalo à sombra fulgurante das estrelas ao luar da madrugada.
Nunca aporto ao mesmo porto
porque fujo às sereias alucinadas...

Bar Castelão em Mafra, 11 de Agosto de 2017
10h11m
ouvindo um violino
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17653: Blogpoesia (523): "Quadro preto"; "A casa da poesia..." e "Ponta do novelo...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

sábado, 12 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17667: Agenda cultural (579): Camarada e amigo, traz os teus netos e vem daí até à Lourinhã, capital dos dinossauros: este fim de semana andam os dinossauros à solta...


Lourinhã, 11, 12 e 13 de agosto de 2017: ver página oficial do evento

Desde ontem e até  13 de agosto, domimngo,  a Lourinhã está a ser  o palco da iniciativa Dinossauros Saem à Rua, que inclui:

(i)  uma mostra de 20 dinossauros em tamanho real;

(ii) apresentações científicas;

(iii) workshops de paleontologia;

(iv) exposições;

(v) e cinema em tela 360º.

Este fim de semana a vila da Lourinhã é um verdadeiro “museu” de dinossauros ao ar livre. Os organizadores prometem uma autêntica aventura jurássica, destinada a miúdos e graúdos.

O evento Dinossauros Saem à Rua irá decorrer em vários espaços:

(i) Pavilhão Lourinhanosaurus (Associação do Hóquei Clube da Lourinhã);

(ii)  Centro Draconyx (Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira);

(iii)  Espaço Paleontólogo Por Um Dia (Anfiteatro da Praça José Máximo da Costa).

O Museu da Lourinhã também está aberto ao público para visitas livres e com um conjunto de atividades como a “Hora do conto” e a “Caça ao Dinossauro”.

Esta é uma oportunidade única para ver de perto algumas das principais espécies de dinossauros (como o T.Rex e o Lourinhanosaurus ) e descobrir a Lourinhã,  um dos locais mais ricos do mundo em fósseis de dinossauro.

 As duas dezenas de modelos estão expostos em várias ruas da Lourinhã (como a Praça José Máximo da Costa, Praça Marquês de Pombal, Largo António Granjo, Rua João Luís de Moura, etc) e em vários espaços interiores.

Dinossauros Saem à Rua teve nício às 17h00 de sexta, dia 11, e encerra às 22H00 de domingo, dia 13.

Com este evento, a organização pretende consolidar a afirmação da Lourinhã como a Capital dos Dinossauros e valorizar o património paleontológico do concelho, onde têm descoberto uma grande quantidade de ossos fossilizados de dinossauro, pertencentes a várias espécies e que ganhou projeção após a descoberta, em 1993, do maior ninho dos dinossauros e com os mais antigos embriões até então encontrados.

Esta é uma iniciativa organizada em parceria entre;

(i)  GEAL – Museu da Lourinhã, a Câmara Municipal da Lourinhã;

(ii) e a União de Freguesias da Lourinhã e Atalaia.

O programa completo do evento poderá ser consultado AQUI ou em http://dinossaurossaemarua.pt .

ANIMAÇÕES DECORREM EM VÁRIOS ESPAÇOS

(i) Pavilhão Lourinhanosaurus (Associação do Hóquei Clube da Lourinhã):

Aqui poderão ser encontrados quatro modelos de dinossauros, e estão a  decorrer várias projeções de 360 (“Nanocam – Uma Viagem à Biodiversidade”, “Alterações Climáticas – Qual o futuro que enfrentamos” e “Lourinhanosaurus ? E depois”?) e atividades dirigidas às crianças como workshops de máscaras de dinossauros.

“Lourinhanosaurus? E depois?” será apresentado no primeiro dia do evento às 21h00 e este será o primeiro filme realizado sobre a paleontologia na região.

(ii)  Espaço Paleontólogo Por Um Dia, localizado na Praça José Máximo da Costa: 

 É um dos locais mais atrativos para as crianças. Aqui, os mais novos poderão embarcar numa expedição paleontológica, entrando no campo de escavação encontrar fósseis e pedras semi-preciosas. Podem também tornar-se paleontólogos através da escavação de blocos com dinossauros no seu interior.

Poderão ainda ver, ao vivo, como são preparados os fósseis de dinossauro, descobertos na região e compreender as diversas etapas desde a sua descoberta até que a peça esteja pronta para exposição.

(iii) Centro Draconyx (Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira):.

Aqui estão a  decorrer as microconferências Laboratório de Preparação de Fósseis do Museu da Lourinhã – Uma Janela do Tempo, no sábado às 15H00; “Os Ovos de Crocodilo mais antigos do Mundo”, às 17h00 e às 19h00 realiza-se a Exposição e Património Paleontológico em Portugal.

No domingo às 15h00 o tema será Ovos de Dinossauro da Península Ibérica; às 17h00 o tema será Outros animais do tempo dos Dinossauros e às 19h00 irá abordar-se o tema Laboratório de Preparação de Fósseis do Museu da Lourinhã – Uma Janela do Tempo.

Irá ainda realizar-se a Conferência “Na Pegada dos dinossauros”, no sábado às 21h30, no Auditório Musical e Artística Lourinhanense, com o reconhecido paleontólogo lourinhanense  Octávio Mateus.

O evento contará com um espaço de Street Food, onde será possível degustar diversas iguarias.


O MAIOR NINHO DE DINOSSAURO EM CHOCOLATE

No âmbito dos Dinossauros Saem à Rua será realizada a tentativa de recorde mundial para o maior ninho de Dinossauro em Chocolate, será composto por 130 ovos e alguns dinossauros bebés e terá cerca de 2 metros e meio de diâmetro.

Esta tentativa de recorde é uma iniciativa da empresa Doce Lourinhã, Museu da Lourinhã e Academia Profissional de Cake Design das Caldas da Rainha, com o apoio da Câmara Municipal Lourinhã e Junta de Freguesia de Lourinhã e Atalaia.

A equipa de trabalho conta com aproximadamente 12 profissionais de cake design, uma equipa científica de quatro elementos e uma equipa de apoio de quatro a cinco elementos. Esta equipa será supervisionada por uma equipa de 2 elementos do júri que acompanhará o processo de fabrico do início ao fim.

A fase final da construção do ninho terá início no dia 11 às 17h00 no Pavilhão Lourinhanosaurus e a conclusão está prevista para dia 13 às 16h00.


CONCURSO DE CAKE DESIGN

O evento Dinossauros Saem à Rua contará também com um concurso de Cake Design – “Concurso Bolos Jurássicos” – que irá eleger o melhor bolo artístico sob o tema dos dinossauros, com o objetivo de incentivar os profissionais de cake design a exporem as suas potencialidades na decoração de bolos. Destina-se apenas a profissionais desta área e as candidaturas decorrem até dia 30 de julho.
Os vencedores serão revelados no dia 12 de agosto às 18h00 no Pavilhão Lourinhanosaurus e o júri é composto por formadores da Academia Profissional de Cake Design das Caldas da Rainha.

Preços:

Adultos – 4 euros – Acesso a todos os espaços

Crianças dos 6 aos 12 anos – 2 euros – Acesso a todos os espaços

+ de 65 anos – 2 euros – Acesso a todos os espaços
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Nota do editor:

Último poste da série de 12 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17665: Agenda cultural (578): Apresentação, em Crestuma, do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" - Volume II, da autoria de José Ferreira, levada a efeito no passado dia 5 de Agosto

Guiné 61/74 - P17666: (In)citações (110): À procura de… Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661 (Mário Beja Santos)

Cap Art Luís Vassalo Rosa, CMDT da CART 1661


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Agosto de 2017:

Queridos amigos,
Agora começa o trabalho para quem conheceu e ou conviveu com o Capitão de Artilharia Luís Vassalo Rosa, que tinha à sua responsabilidade Porto Gole, Enxalé, Bissá e Missirá.
Olhando este dispositivo, eu que apanhei outro (Missirá ficou na dependência do batalhão de Bambadinca, talvez logisticamente acertado mas inadaptado à quadrícula, as bases do PAIGC eram as mesmas para Missirá e Enxalé, mas o assunto para aqui não é relevante) fico a refletir como havia mais bom-senso no dispositivo no terreno, face às caraterísticas do inimigo. Têm aqui constado referências largas sobre a CART 1661, presumo que o Capitão Vassalo Rosa não teve longa permanência, chegou em 1967, ano em que é recambiado com tuberculose para Lisboa.
Há fotografias? Há documentação? Que memória ficou dos seus camaradas de então?
Quem sabe, sabe.

Um abraço do
Mário


À procura de… 
Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661

Beja Santos

Luís Vassalo Rosa é nome proeminente da arquitetura portuguesa da segunda metade do século XX, tem trabalho reconhecido por colegas de ofício e amigos como Fernando Peres, Armando Lucena, Maurício de Vasconcelos, Raul Chorão Ramalho, Nuno Teotónio Pereira, Manuel Tainha, entre outros. Começou a carreira profissional em Pangim, Goa, será capitão de artilharia na Guiné, em 1966, virá evacuado depois de contrair tuberculose. A sua obra mais importante será a Sé de Bragança, Catedral de Nossa Senhora Rainha. A Câmara Municipal de Almada dedicou-lhe na Casa da Cerca, entre finais de 2007 e Março de 2008 uma exposição a pretexto de ter recebido o Prémio Municipal de Arquitetura Cidade de Almada, a exposição permitia ao visitante acompanhar o percurso desde o seu primeiro projeto, o Jardim-Escola João de Deus, em Torres Novas, de 1957, até ao estudo para a cidade desportiva de Sines, em 2007. Pelo caminho, as suas diversificadas intervenções no plano de urbanização de Chelas, no plano integrado de Almada - Monte da Caparica, no estudo preliminar para a recuperação e valorização conjunta do Castelo de Almourol e da Igreja de Nossa Senhora do Loreto em Vila Nova da Barquinha, o Palácio da Justiça de Setúbal, a recuperação do Palácio do Alvito, Plano Diretor Municipal de Salvaterra de Magos, Marina de Portimão, e muito mais.



É exatamente na leitura deste vastíssimo currículo que se encontram referências mínimas à sua passagem pela Guiné. Diz-se que embarca no Uíge em 1967 com a CART 1661, sendo-lhe atribuído o setor Missirá, Enxalé, Porto Gole e Bissá, foi posteriormente evacuado para o Hospital Militar de Bissau e transferido para o Hospital Militar de Lisboa. Aparecem duas fotografias do comandante da CART 1661, e nada mais.


Penso que seria interessante investigar-se o percurso do arquiteto Vassalo Rosa em Porto Gole, Enxalé, Bissá e Missirá. Ocorreu-me que pessoas como o João Crisóstomo, o Abel Rei, o Henrique Matos Francisco, entre tantos outros, podiam ajudar a localizar e a mostrar mesmo imagens do construtor da Sé de Bragança por aquelas paragens da Guiné. Estive em Missirá, no ano seguinte, não obtive qualquer referência à sua pessoa.
Vamos a ver até onde poderá ir a procura à volta do comandante da CART 1661.
Todas as ajudas serão muitíssimos úteis para que o seu retrato guineense fique o mais nítido possível.
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17514: (In)citações (109): Portugal a arder - destruição, desolação e morte (Francisco Baptista, ex-Alf Mil)

Guiné 61/74 - P17665: Agenda cultural (578): Apresentação, em Crestuma, do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" - Volume II, da autoria de José Ferreira, levada a efeito no passado dia 5 de Agosto

Crestuma, 5 de Agosto de 2017 - Apresentação do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" - Volume II, da autoria de José Ferreira

Memórias Boas da Minha Guerra - Volume II
Autor: José Ferreira
Chiado Editora - Julho de 2017

No passado sábado, dia 5 de Agosto, integrada nas Comemorações do 4.º aniversário do CRASTUMIA (Centro Associativo Cultural de Crestuma) foi apresentado, na Junta de Freguesia de Crestuma, o Volume II das "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria do nosso camarada José Ferreira da Silva.

Por se estar pleno Agosto, mês de férias para a maioria das pessoas, o José não teve presente a moldura humana que merecia. Mesmo assim, aqueles que puderam não deixaram de estar presentes. Entre a assistência viam-se, familiares, amigos e camaradas de armas, entre estes "Os Bandalhos", que se fizeram representar ao mais alto nível.

A Mesa era composta por: Francisco Baptista, Combatente; Ricardo Figueiredo, Combatente; Romualdo Mota e Silva, Presidente do Crastumia; Alberto Moura, amigo do autor, que mais uma vez coordenava a apresentação do livro; Manuel Azevedo, Presidente da União de Freguesias de Sandim, Olival, Lever e Crestuma; Carlos Vinhal, combatente; e pelo autor, José Ferreira.

Sensivelmente pelas 18h30, o coordenador Alberto Moura dava início à sessão de apresentação do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" - Volume II, saudando os presentes e dando de imediato a palavra ao Presidente da União de Freguesias, Manuel Azevedo, anfitrião do evento.

Alberto Moura

O anfitrião Manuel Azevedo dando as boas-vindas aos presentes

Falou em seguida o Presidente da CRASTUMIA, Dr. Romualdo Mota e Silva que salientou as qualidades do autor, que é vice-presidente daquele Centro Associativo e Cultural, assim como das suas actividades sociais e culturais em favor das gentes de Crestuma, desde há longos anos. Aproveitou o ensejo para fazer o balanço da actividade da Colectividade a que preside, no momento a comemorar os seus 4 anos de existência.

O Dr. Romualdo Mota e Silva durante a sua intervenção

Foi dada a palavra ao combatente Ricardo Figueiredo, um dos Bandalhos presentes, que falou da guerra na Guiné, dos seus números e particularidades, para depois recensionar o livro em apresentação. Como não podia deixar de ser, a sessão começou a animar já que o livro fala dos aspectos menos maus da guerra, porque como diria o José Ferreira, na guerra também se viveram bons momentos.

O combatente Ricardo Figueiredo à volta com os números da guerra na Guiné

Mais uma vez, na qualidade de editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, interveio o combatente Carlos Vinhal, que fez uma pequena apresentação do Blogue, onde é co-editor, e da colaboração do José Ferreira nesta página que deu origem aos dois livros do autor.

Intervenção de Carlos Vinhal

O Bandalho Francisco Baptista tomou a seguir a palavra para fazer a sua apreciação ao livro e falar do autor. Do livro reteve a excelente qualidade da escrita, e das histórias de vida nele contidas, ao autor, classificou como cidadão exemplar, excelente amigo e camarada.

O combatente Francisco Baptista

E, por último, subiu ao "púlpito" o autor José Ferreira que, com aparente falta de jeito para falar, já que se acha mais à vontade a escrever, agradeceu a presença de todos, especialmente a dos seus familiares. Não esqueceu o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné que, segundo ele, tem a grande culpa de ter editado estes dois livros. Recordou histórias e momentos nelas relatados.

O autor José Ferreira

Perto das 20 horas, Alberto Moura encerrou a sessão, seguindo-se o jantar comemorativo do 4.º Aniversário do Centro Associativo Cultural de Crestuma (CRASTUMIA), ali mesmo ao lado do edifício da Junta de Freguesia, no qual os combatentes e demais participantes na apresentação do livro, também tiveram assento.

Por estranho que pareça, todos estes 9 combatentes cumpriram a sua comissão de serviço na Guiné e pertenceram à Arma de Artilharia.

Fotos: ©Pedro Sousa/Crastumia, com a devida vénia

Com a devida vénia a Terras de Gaia - JORNAL / TV, aqui fica um pequeno filme do acontecimento da tarde:

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17646: Agenda cultural (577): "Heróis que o tempo não apaga", palestra de capitão Aveiro, o escritor Valdemar Aveiro, Clube de Vela da Costa Nova (CVCN), Costa Nova do Prado, Ílhavo, 18 de agosto de 2017, às 21h30